Os balanços financeiros das seguradoras
no primeiro semestre tiveram pequenas, mas relevantes mudanças na forma de
divulgação. Apesar disso, o principal impacto observado por consultores foi a
redução da receita financeira com base na queda das taxas de juros. "Esse
foi um aspecto generalizado", disse José Rubens Alonso, consultor
especializado em seguros, sócio da KPMG.
Segundo pesquisa deste jornal, na Unibanco-AIG o resultado financeiro e
patrimonial consolidado saiu dos R$ 179 milhões do primeiro semestre de 2005
para R$ 159 milhões este semestre, mesmo com a evolução de 11%, para R$ 2,5
bilhões, no faturamento do grupo. Na Zurich, o resultado caiu quase 20%. Na
Icatu Hartford, recuou 10,8%. Na Caixa Capitalização, o ganho foi reduzido de
R$ 60 milhões para R$ 49 milhões. Na Mapfre, a receita financeira subiu 26% e
o faturamento, 60%.
Apesar da queda na área financeira, o lucro das seguradoras com seguros,
previdência e capitalização cresceu 31% no primeiro semestre, para R$ 3,5
bilhões, segundo dados agrupados pelo Siscorp Sistemas Corporativos, empresa
que disponibiliza um sistema completo de dados sobre o setor. A rentabilidade
sobre o patrimônio líquido do setor chegou a 27% no semestre, 1 ponto
percentual acima do mesmo período do ano anterior.
As seguradoras ligadas a bancos, que dominam 60% do faturamento de seguros,
foram responsáveis por R$ 2,3 bilhões, praticamente quase todo o lucro do setor
com a venda de seguro, que totalizou R$ 2,9 bilhões. Muitas delas recebem
equivalência patrimonial de coligadas. O maior neste grupo foi a do Bradesco,
com R$ 1 bilhão, seguido pela Itaú, com R$ 553 milhões, pela Caixa, com R$
220 milhões, pelo Unibanco, com R$ 196 milhões e pelas seguradoras do Banco
do Brasil, com R$ 160 milhões.
Segundo Flávio Faggion,
responsável pelo Siscorp, as seguradoras com capital estrangeiras, que geram
26% do faturamento, registraram lucro de R$ 222 milhões, conquistando a menor
rentabilidade sobre o patrimônio, de apenas 9%. Geralmente elas tem de
aplicar parte dos recursos em moeda estrangeira e com a desvalorização do
dólar acabaram registrando perdas. Neste grupo os maiores ganhos foram da
SulAmérica, com R$ 143 milhões, e da AGF Seguros, com R$ 39 milhões, segundo
dados enviados à Susep. As seguradoras independentes ficaram com R$ 298
milhões do lucro com seguros e retorno de 23%. O resultado da Porto Seguro
puxou o grupo, com R$ 166 milhões, seguida pela Aliança da Bahia, com R$ 39
milhões.
As seguradoras encontraram duas formas para driblar a ligeira queda na taxa
Selic neste primeiro semestre. Aumentaram o preço do seguro, principalmente o
do automóvel, que é o mais demandado pela população, para incrementar o
faturamento e, conseqüentemente, o ganho financeiro com um volume maior
aplicado. Obtiveram também retorno dos investimentos feitos para melhorar a
aceitação de risco, reduzindo a sinistralidade (prêmios menos indenizações) e
na retenção de clientes. Muitas também aumentaram as vendas de produtos mais
rentáveis, com residência e vida.
As reservas técnicas somaram R$ 117 bilhões, alta de 24%. A destinação desses
recursos sofreu uma forte alteração, segundo o estudo do Siscorp feito a
pedido deste jornal. Os fundos de investimen-tos, que recebiam 53% dos
recursos, agora detêm 77% da carteira de investimento das reservas. Os
títulos em renda fixa registraram perda, com o percentual caindo de 45% para
22%. Os títulos de renda variável permaneceram na lanterninha da preferência
das seguradoras, com apenas 1% dos recursos.
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