Ferrara, da AGF Seguros: sistema unificado permite gastar menos na abertura de novas filiais

Infra-estrutura de TI
Servidores 1 AS-400, 14 Risc IBM AIX, 90 Intel com Windows 2000 e Windows 2003 Server
Estações de trabalho 1500 com Windows 2000 Professional.
Banco de dados Oracle 9i, UV- Universe Database, SQL Server
Storage 1 Clarion 1 TB, 1 Symmetrix 1 Storagetek L700 - 700 Fitas
CRM Orbium, Cognos
Data warehouse Oracle/SQL Server em Unix
Business intelligence SQL Server/Cognos
Segurança Checkpoint, Symantec Raptor, PIX, CA e-Trust
Profissionais de TI 150

 

Ai, que saudade do mainframe
A AGF Seguros centralizou na sede, em São Paulo, o processamento de suas 100 filiais pelo país. Foi o pontapé inicial para mudar seu modelo de negóciosor Juliana

Por Juliana Nogueira
Foto Alexandre Battibugli

TUDO COMEÇOU com um problema de disponibilidade do sistema, que teimava em se manter instável quando era mais requisitado. O conserto se tornou um ambicioso projeto de integração que envolveu a infra-estrutura de cerca de 100 filiais da AGF Brasil Seguros em todo o país. Antes espalhados, os sistemas foram centralizados na sede da empresa, em São Paulo. O resultado: redução de custos operacionais, mais segurança, melhoria no atendimento ao cliente e rapidez no acesso às informações. Só o backoffice permanece nas subsidiárias.

Até dezembro de 2002, quando um segurado do interior do Mato Grosso, por exemplo, tinha o carro roubado durante a madrugada e ligava para a AGF, o jeito era torcer para que a filial que fez a venda do seguro estivesse funcionando. Caso contrário, o atendimento se realizava sem o cadastro do cliente.

“Além disso, o final do processamento contábil de cada uma das filiais era feito num servidorzinho que levava três dias para concluir a tarefa”, afirma Adalberto Ferrara, diretor de TI da AGF, a sexta colocada do mercado brasileiro em prêmios emitidos. Mas, desde abril do ano passado, o cenário é outro. Com um sistema em operação full time, a empresa criou uma disciplina de gestão de TI, com processamentos em horários diferenciados, para não comprometer a performance. Foram criados um data center e um backup center que rodam em servidores Risc, e a seguradora aumentou sua rede de dados de 35 para 110 unidades de atendimento, entre filiais, inspetorias e representações. A contradição é que há dez anos o caminho percorrido havia sido justamente o inverso. O sistema, antes centralizado, foi desmembrado para as pontas. “Essa distribuição foi feita porque as linhas telefônicas não eram nem um pouco confiáveis”, diz Ferrara.

O processamento unificado deve permitir à empresa crescer
sem investir muito em sistemas e TI em 2004

O projeto foi implementado pela consultoria Siscorp, escolhida pelo know-how no mercado de seguros. “Quando iniciamos o projeto, não havia cases desse porte. Colocar 50 bases distribuídas para rodar em apenas uma supermáquina era como apostar todas as fichas numa jogada única”, diz Flávio Fangion, sócio-diretor da Siscorp. Iniciado o projeto, uma medida de contingência foi montada para reativar o modelo antigo caso algo desse errado. “Quando se convence a matriz a fazer uma mudança desse porte, seria muito duro amargar uma frustração no meio do caminho”, afirma Ferrara.

Mas não foram poucas as ocasiões em que a equipe correu o risco da frustração. Após a sexta filial integrada na nova plataforma, o projeto começou a apresentar problemas. “A curva de utilização ia subindo, subindo e parava. Tínhamos dúvidas se era problema de gargalo, do sistema ou de máquina”, afirma Ferrara. Após uma longa madrugada de trabalho, foi identificado que o banco de dados não estava configurado para suportar a carga. Resolvida a questão, a saga continuou de maneira mais amena. O outro desafio foi dimensionar os equipamentos. Para isso, a AGF contou com a IBM, que calculou como deveriam ser as máquinas. Com o novo sistema no ar, o segundo passo foi mostrar o novo modelo de trabalho aos cerca de 10 mil corretores em todo o Brasil. Eles receberam CDs para a instalação do programa em suas máquinas. Depois de preencher as propostas de seguro, eles já podiam acessar o Portal do Corretor e enviá-las. Hoje a AGF recebe 75% das propostas de modo eletrônico. Para os 25% restantes, os formulários vêm com um código bidimensional que é lido pelo scanner, o que dispensa a digitação.

A centralização dos sistemas foi o primeiro passo da empresa para concentrar na sede, em São Paulo, outras atividades. As informações registradas no sistema único alimentam a intranet, que dispõe de dados como o volume de apólices vendidas no mês ou o tipo de serviço mais prestado em cada região do país. “A internet passou a ser uma malha que integra tudo”, diz Ferrara. Agora, além da interface mais amigável, os usuários têm a possibilidade de gerenciar o conteúdo, e, assim, deixam de depender da TI.

De olho no aumento de vendas, a seguradora está alterando mais uma vez seu modelo operacional. Para facilitar a vida dos corretores, um call center foi criado com 70 pontos de atendimento. “A intenção é aumentar o nível de serviços aos corretores, que são nosso canal de vendas. Vamos transformá-los em homens de negócios”, diz Ferrara. Um projeto que centraliza o processo de emissão de apólices, hoje responsabilidade das filiais, também está em andamento. O sistema já integra as apólices da capital, do interior de São Paulo e Rio de Janeiro, mas em breve se estenderá a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Nordeste. A AGF desembolsou 5,4 milhões de reais com a compra de máquinas Unix, da IBM, storage da EMC, um robô de fitas da StorageTek, e ainda com o desenvolvimento das aplicações e as adaptações para rodar de modo centralizado. Ferrara acredita que a centralização abre novas frentes para a companhia. “Com o sistema unificado, nossa chance de crescimento orgânico é maior. Temos condições de abrir novas filiais investindo menos, já que não há custos altos com sistemas locais e equipe técnica”, diz Ferrara.